Editores: Giovanni Torello e Walmor J. Piccinini
Maio de 2008 - Vol.13
- Nº 5
História da Psiquiatria
Psiquiatras Comunistas: 1. Osório César
MD. Walmor J. Piccinini
Psiquiatra.
Professor da Fundação Universitária Mário Martins.
Pesquisador da História da Psiquiatria Brasileira
Psiquiatra.
Professor da Fundação Universitária Mário Martins.
Pesquisador da História da Psiquiatria Brasileira
Introdução
A psiquiatria trata da
patologia da conduta humana. Em alguns momentos ela se entrecruza com a
sociologia, a antropologia o que pode tornar indefinido seu campo de ação e
servir para conclusões ou abordagens distorcidas. Nós consideramos a atuação da
psiquiatria em três pontos que se interpenetram. A idéia de alteração anatômica
e bioquímica do cérebro que se traduz numa patologia cerebral com repercussões
mentais. O sentir-se doente, é como o indivíduo reage a essas alterações ou
como reage a vivências pessoais sem alterações objetivas no cérebro. E por fim,
mas com a mesma importância, as repercussões sociais da doença ou do sofrimento
psíquico. Esses conceitos aparecem na literatura americana ou inglesa, como os
conceitos de disease, ilness e sickness. Na Associação Mundial da saúde, com
conceitos de impairment, ajustamento and handicap. Na nossa literatura, esses
conceitos aparecem sob forma de um conceito biopsicosocial. Conforme a
orientação do investigador, ele será mais biologicamente, psicologicamente ou
socialmente orientado. Qualquer exagero, num ou noutro sentido, provocará
distorções e complicará o diálogo científico. Parece ser o que está
acontecendo no Brasil, onde o enfoque predominantemente social, causa
transtorno à assistência psiquiátrica e estimula a desassistência e a
cronificação da doença. Em outro artigo, sobre Psiquiatria e Poder, examinamos
a influência da ideologia na prática psiquiátrica. Nesse artigo vamos examinar
a vida de alguns psiquiatras brasileiros, com atuação marcante na profissão, ideologicamente
engajados numa opção política marxista ou mais objetivamente comunista e como
essa opção pessoal não invadiu sua prática clínica.
Vamos inicialmente situar o
problema marxismo e medicina e por extensão chegaremos a comunismo e
psiquiatria. Para isso, primeiramente vamos nos situar no tempo. O Manifesto
comunista de Marx e Engels veio à público em 1842. Três anos depois, em 1845,
Engels publica seu trabalho sobre “The Conditions of the Working Class in
England”. Examinava as péssimas condições de habitação, condições sanitárias e
alimentação e sua relação com as doenças que afligiam os trabalhadores daquela
época: tuberculose, febre tifóide, tifo, má nutrição, água contaminada,
aglomeração que facilitava epidemias.
Em 1847 aparece o famoso
trabalho de Virchow, na Prússia, responsabilizando as condições sociais pelas
doenças que afligiam os trabalhadores. No ano seguinte, em 1848, Virchow
participa ativamente na explosão de revolta dos trabalhadores. Depois dessa
fase aguda o ativismo desaparece, mesmo Virchow com suas idéias avançadas para
a época, recolhe-se a pesquisa laboratorial.
Os trabalhos de Erlich, Koch,
Pasteur identificando os germes causadores de doenças, deslocaram o Modelo
Médico de estudar as doenças. Surgiu o Modelo Unifatorial de Doença. Todo
empenho foi dedicado a identificar o germe causador da doença e seu combate com
medicação específica. (esse tipo de pensar favoreceu Walter Von Jauregg que
ganhou o Nobel de Medicina em 1927 pela descoberta da cura da Neuro-Sífilis com
a malarioterapia).
Os médicos voltados para o
social, argumentavam que a melhora das condições sanitárias, melhorava as
infecções e sua propagação, mesmo sem identificar o germe.
Um outro fato destacado por
Vicente Navarro (-) foi o Relatório Flexner. Nos anos de 1904-1905 Abraham
Flexner inspecionas as Escolas Médicas dos EUA e Canadá e apresenta suas
conclusões que resultou no fechamento ou fusão de 92 Escolas de Medicina. A
partir daí a Medicina científica baseada em Laboratórios tornou-se padrão para
a educação médica e para a prática clínica. Para velhos marxistas isso
significou o atrelamento definitivo da medicina à indústria capitalista.
Ficaram de lado as práticas populares empíricas e alternativas. De qualquer
forma, há um consenso que a medicina é inseparável do sistema social, político
e econômico. Problemas no sistema de saúde espelham os problemas de toda a
sociedade.
O surgimento, crescimento e
queda do regime comunista ainda está presente em inúmeras análises de
cientistas políticos e historiadores. A psiquiatria sob influência do regime
soviético já foi abordado por mim no artigo da Polbr Abusos da prática
psiquiátrica na URSS e o VI Congresso Mundial de Psiquiatria em Honolulu
(http://www.polbr.med.br/ano07/wal0807.php).
Vou
apenas lembrar que em 1951, Stalin decidiu que a psiquiatria soviética devia
ser reestruturada dentro de novo modelo. A Nova Psiquiatria Soviética seria
estruturada sob os ensinamentos de Ivan P. Pavlov. Todos os professores de
psiquiatria tiveram que negar o que escreveram em seus livros e aderir à nova
maneira de pensar. Aplicou-se na
Psiquiatria mais uma das grandiosas idéias de Stalin. No final dos anos 40 ele
já havia apoiado as idéias de T.D. Lysenko que defendia que, sob condições
ambientais favoráveis se poderia modificar a inerente característica das
plantas e com isso tornar possível aumentar a produção agrícola soviética.
No
Brasil, pelo menos até os anos 50, os adeptos do comunismo acreditavam no mito
das grandes realizações soviéticas e que a derrocada do capitalismo estava
próxima. Operários e estudantes idealistas estavam convictos de que existia o
paraíso soviético e que o final da burguesia capitalista era iminente. A Psiquiatria
conseguiu um fato extraordinário, reuniu alguns desgarrados dessa corrente
comunista e adeptos do capitalismo mais duro e essas duas forças unidas atacam
a psiquiatria e os psiquiatras de todas as formas possíveis. O único problema
não solucionado nessa equação é que a loucura continua existindo e exigindo
atenção que pessoas sem formação adequada não conseguem atender.
Existem
alguns psiquiatras renomados que além do exercício da profissão eram
identificados com o movimento comunista brasileiro. Vamos começar examinando
dois deles, Osório César e Dyonélio Machado, figuras marcantes da psiquiatria
brasileira no século XX. Existem muitos outros que serão estudados no decorrer
do tempo.
Nesse trabalho vamos examinar
se essa opção pessoal pelo comunismo interferiu com suas práticas
profissionais.
1.
OSÓRIO CESAR (1895 – 1979)
O paraibano Osório
Thaumaturgo Cesar, natural de João Pessoa, nasceu em 17 de novembro de 1895. Muito
jovem e com talento para a música, tocava violino, veio para São Paulo em busca
de melhores condições de estudo.
Tinha 17 anos, matriculou-se
na Faculdade de Odontologia e formou-se quatro anos depois. Não chegou a
exercer a profissão, sustentava-se lecionando música. Iniciou o curso de
Medicina em 1918, mas teve que transferir-se para a Faculdade de Medicina do
Rio de Janeiro em 1920. Concluiu o curso com 30 anos de idade, em 1925. No
mesmo ano começou a trabalhar no Hospital do Juquery e lá permaneceu por 45
anos. Faleceu em Franco da Rocha em 1979
A primeira questão que nos
ocorre é como um jovem nordestino vem a São Paulo e consegue relacionar-se com
as principais figuras da cena paulistana. Se não bastasse o grande número de
amigos que granjeou no meio médico e artístico, casou-se com a grande dama da
pintura brasileira. Um dos catalisadores dessa integração com a sociedade
paulistana era seu talento musical, sua simpatia pessoal e sua erudição que o
tornou um crítico de arte respeitado. Osório César criou o Grupo Cultura
Musical e promovia reuniões de artistas onde se ouvia música, se desenhava e
transformavam os desenhos em pintura. Um dos participantes desse grupo foi o
pintor Aldo Bonadei.
Osório César já era um homem
maduro e com experiência em lidar com pacientes e com arte quando publicou seu
primeiro trabalho publicado nas Memórias do Juquery em 1925: “A Arte Primitiva
nos Alienados: Manifestação Esculptórica com Caracter Symbolico Feiticista num
Caso de Syndroma Paranóide”. Nos seus primeiros anos como médico psiquiatra do
Juquery, sua produção era eclética, tem vários trabalhos sobre
anatomia-patológica e um sobre glândulas.
Em 1932 viajou para a URSS
com Tarsila do Amaral. Estudiosos da obra da pintora relatam à influência que
ele exerceu sobre ela e a influência do social nas novas produções da mesma. Um
dos seus quadros mais importantes, Os Operários, foi produzido depois dessa
mudança. Osório Cesar, em seu retorno, produziu alguns textos de exaltação
comunista. “Onde o Proletariado Dirige” (1933). O que é o estado proletário,
também em 1933. No ano seguinte publicou A Proteção da saúde pública na União
Soviética no 16º. Aniversário da revolução de outubro”
A vida psiquiátrica de São
Paulo estava centrada no Hospital de Juquery. Seu fundador e primeiro diretor
foi Francisco Franco da Rocha (http://www.polbr.med.br/arquivo/wal0403.htm) que
lá permaneceu até 1923. O segundo personagem foi Antonio Carlos Pacheco e Silva
(http://www.polbr.med.br/arquivo/wal0704.htm) que
permaneceu na direção de 1923 até 1937. Lá trabalhava Durval Marcondes, Anibal
Silveira, (http://www.polbr.med.br/ano08/wal0408.php)
Osório César e praticamente todos os principais psiquiatras paulistas daquele tempo.
Na prática clínica eram aplicados os conceitos da prática psiquiátrica da
época, entre eles a laborterapia. A terapia pela arte foi desenvolvida por
Osório César ainda como estudante interno. Surgiram no seio do Juquery as
primeiras comunicações psicanalíticas, mas não havia a prática psicanalítica
que só foi estruturada mais tarde com a chegada a São Paulo da Dra. Adhelaide
Koch (1936).
Segundo Carmen Lucia
Valadares “a implantação da psicanálise em São Paulo se deu ao longo de quatro
momentos: a difusão das idéias freudianas (1919-1936); a formação da"
primeira geração de
psicanalistas (1937-1950); a expansão da psicanálise
(1951-1975) e; o nascimento
das novas Escolas de psicanálise (1976-1990).
Essa delimitação foi pensada
em função de acontecimentos que configuram rupturas
e redefinem trajetórias
importantes na história do freudismo em São Paulo”.
Osório César tinha na sua
biblioteca inúmeras obras de Freud, demonstrava ser conhecedor das idéias
freudianas, mas nunca praticou a psicanálise. Ele consta como um dos 24 membros
fundadores da sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo em 1927 e ,
também da Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro em 1928.
Quando em 1929 publicou seus
estudos sobre “Expressão Artística dos Alienados – Estudos dos Símbolos na
Arte” remeteu um exemplar a Sigmund Freud que confirmou o recebimento com uma
carta em que comentava sua satisfação pelo interesse pelo estudo da psicanálise
no Brasil. (Infelizmente, esse documento teria se perdido no incêndio dos
Arquivos do Hospital de Juquery).
O nome de Nise da Silveira é
mais conhecido na área da produção artística dos pacientes psicóticos, no
entanto, ela mesma reconhecia o pioneirismo de Osório César nessa área. De
qualquer forma, ganhamos nós com a existência do Museu do Inconsciente no Rio
de Janeiro e com o Museu Osório César em São Paulo.
Um outro dado comum aos dois
foi às prisões que sofreram pela polícia política da ditadura Vargas.
O atendimento ao doente
mental teve momentos em que era proposta a clinoterapia, o paciente deveria
ficar recolhido ao leito como qualquer outro doente. Essa proposta tornou-se
impraticável, surgiram às experiências com laborterapia, esportes, arte terapia
e uma prática que podia envolver arte, mas seu objetivo era ocupar os pacientes
em atividades reintegradoras, a terapia ocupacional. Não é possível deixar de
citar o livro de Luiz Cerqueira, "Da Praxiterapia a Comunidade
Terapêutica" (1964). Cerqueira trouxe sua experiência na Casa da Lapinha
em Salvador e a empregou no IPUB no Rio de Janeiro. Cerqueira não deixava de
citar a influência que a Clínica Pinel de Porto Alegre tivera sobre seu
trabalho. Marcelo Blaya trouxe, em 1960, dos EUA o modelo da Clínica Menninger
e esse modelo de Comunidade terapêutica, praxiterapia e a busca da valorização
das partes sadias do doente se espalhou pelo Brasil.
Escrever sobre Osório César
só é possível graças ao trabalho de pesquisa da Dra. Maria Heloisa Corrêa de
Toledo Ferraz que resultou na sua tese de Doutorado em Artes em1989 pela
Universidade de São Paulo, USP, Brasil. Cujo título foi “A escola livre de
artes plásticas do Juqueri” (Orientador: Prof. Dra. Ana Mae Tavares Bastos
Barbosa). Outros trabalhos importantes foram publicados pelo Instituto Moreira
Salles
O pioneirismo de Osório
César. Arte e inconsciente: três visões sobre o Juquery.
Cesar, Osório (Psiquiatria.
Tratamento. Hospital Psiquiátrico do Juquery. São Paulo (Estado). Resultado da
visita de Lasar Segal ao Juquery em 1942 e da fotógrafa Alice Brill oito anos
depois.
Um pesquisador com excelentes trabalhos sobre Osório Cesar é o Dr. Arley Andriolo cujos trabalhos podem ser encontrados on-line. Um deles, (A "psicologia da arte" no olhar de Osório César: leituras e escritos Psicol. cienc. Prof. vol.23 no.4 Brasília Dec. 2003 . Pode ser lido no Scielo:
Mais recentemente saiu na Revista
Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 2007, vol.10 n. 1 p.101-117. O
trabalho de pesquisa de Paulo Dalgalarrondo, Guilherme Gutman e Ana Maria
Galdini Raimundo Oda.Um pesquisador com excelentes trabalhos sobre Osório Cesar é o Dr. Arley Andriolo cujos trabalhos podem ser encontrados on-line. Um deles, (A "psicologia da arte" no olhar de Osório César: leituras e escritos Psicol. cienc. Prof. vol.23 no.4 Brasília Dec. 2003 . Pode ser lido no Scielo:
Osório Cesar e Roger Bastide: as relações entre arte, religião e psicopatologia.
Desses
trabalhos podemos forma uma imagem desse personagem da história da psiquiatria
brasileira. Músico talentoso, relacionado com os modernistas de 1922, formado
em medicina aos 30 anos e que aos 37 anos tem uma ligação afetiva com Tarsila
do Amaral e com ela viaja para a União Soviética. Mesmo que essa ligação não
tenha durado muito, foi intensa enquanto existiu e é reconhecida sua influência
na fase social da grande pintora brasileira. Sua ligação com a arte tornou-o um
articulista dos grandes jornais de São Paulo no período de 1940-1960. Sua
orientação política levou-o diversas vezes a prisão, inclusive numa vez, em
1935, quando retornava de um congresso de fisiologia na URSS teria sido preso
ainda dentro do navio em que retornava ao Brasil. Sua opção política não
impediu que trabalhasse no Hospital do Juquery de 1925 quando se formou, até
1965 quando se aposentou no cargo de psiquiatra. Como psiquiatra interessou-se
pela anatomia-patológica das doenças mentais e tem vários artigos nessa área. Como
clínico e artista pode reconhecer habilidades e talento entre os pacientes com
quem convivia. “Tudo indica que no país, ele foi o primeiro estudioso a
dedicar-se de forma sistemática e aprofundada à análise tanto da arte produzida
por doentes mentais quanto das manifestações religiosas e culturais da
população abandonada nos hospícios. Osório Cezar fez em são Paulo as primeiras
junções entre a psiquiatria, arte e psicanálise”.(Dalgalarrondo et al).
Segundo
Ferraz,M.H., em 1938 foi criado no Juquery um organismo paraestatal, o IASP
(Instituição de Assistência social a Psicopatas) cujo objetivo era o
atendimento mais rápido das necessidades materiais, jurídicas e pessoais dos
doentes. Isso incluía as atividades artísticas: desenho, pintura, escultura,
música e cerâmica que ficaram a cargo de Osório César. A Seção de Artes
Plásticas deu origem a Escola Livre de Artes Plásticas do Juquery (ELAP) que
foi constituída oficialmente em meados de 1949.
Todo
material guardado em diversos locais do Juquery foi resgatado pela Dra. Maria
Heloisa de Toledo Ferraz a partir de 1984. O resultado do seu trabalho foi à
criação do Museu Osório César.
O
comunismo, no Brasil, tem uma história curta e atribulada. Foi fundado em 1922.
Dois anos depois, Octávio Brandão, em Porto Alegre, traduzia o Manifesto
Comunista de 1848. Astrogildo Pereira, em 1927, atraiu Luiz Carlos Prestes para
a nova agremiação. Vários autores destacam a transformação de antigos positivistas
em comunistas. (RAÍZES DO MARXISMO UNIVERSITÁRIO -José Arthur Rios (Sociólogo) http://www.endireitar.org/component/option,com_docman/task,doc_download/gid,7/Itemid,99999999/)
Vamireh Chacon, ao traçar a
história da nossa evolução sociológica, distinguiu dois marxismos - um
confessional, militante e partidário; outro "metodológico, difuso,
permeando muitas correntes".(7) Foi este, em nossa opinião, que predominou
nos Departamentos universitários. Vírus atípico, por isso mais difícil de
caracterizar e combater. Ninguém podia prever, no começo do século, essa
virulência. Quem primeiro citou Marx no Brasil, segundo Sílvio Romero, foi o
fundador da "Escola teuto-sergipana", Tobias Barreto, no discurso de
colação de grau dos bacharéis de 1883. "Karl Marx", perorava Tobias,
"diz uma bela verdade quando afirma que cada período evolutivo, logo que
passa de um estágio a outro, ele começa também a ser dirigido por leis
diferentes. A questão cardeal do nosso tempo não é política nem religiosa, é
eminentemente social e econômica".(8)
O primeiro marxista
brasileiro, de fato e de militância, parece ter sido o médico Silvério
Fontes,
nascido em Aracajú, em 1858, que passou a maior parte de sua vida em
Santos. Depois de intensa atividade, tendo atravessado o Positivismo e o
Anarquismo, acabou
aderindo ao Partido Comunista do Brasil.(13) Fontes - pai do poeta
Hermes
Fontes - é traço de união entre os ideólogos e os militantes. Muito
embora os
comteanos ortodoxos repelissem as idéias marxistas, no Brasil há uma
continuidade, senão individual, pelo menos familiar, entre positivistas e
marxistas. É só cotejar os patronímicos de tantos membros do credo de
Augusto
Comte com os de sectários de Marx e do socialismo científico. O que
torna
muitas vezes válido o axioma: pais positivistas, filhos marxistas, netos
terroristas.(14)
Osório César passou para a
história como adepto do comunismo, mas não há referência de uma participação
mais ativa além das viagens a URSS e as prisões da ditadura. Na medida em que
ia ficando mais velho, começou a interessar-se por fenômenos místicos e
religiosos. Em 1956 publicou trabalho feito em parceria com Roger Bastide:
Pintura, Loucura e Cultura. Nesse trabalho eles discutem as relações entre
imigração e perturbações mentais, a partir da produção artística de
estrangeiros internados no Juquery. Nessas pesquisas sobre cultura e loucura,
Osório Cesar estudou fenômenos espíritas e teria feito uma apresentação sobre o
assunto na Associação Paulista de Medicina. Em 1941.
Bibliografia de Osório César
no Índice Bibliográfico Brasileiro de Psiquiatria
1. Cesar, Osório. Alterações da Microglia em dois
casos de demência precoce paranóide. Memórias Do Hospital De Juqueri. 1930;
7-8.
2. ---. Demonologia. Arq. Assist.a Psicopatas Do
Estado De São Paulo. 1957; 23: 137-148.
3. ---. A microglia no nervo ótico dos paralíticos
gerais. Memórias Do Hospital De Juqueri. 1930; 7-8.
4. ---. Misticismo e Loucura. São Paulo, Ofic.
Gráficas Do Arq.De Assist.Aos Psicopatas Do Juqueri. 1930.
5. ---. Os místicos dos hospícios. Arq. Assist.a
Psicopatas Do Estado De São Paulo. 1952; 17:91-114.
6. Cesar, Osório and Cesar, Edgar Pinto. Psamoma da
dura-mater. Memórias Do Hospital De Juqueri. 1926; 3-4.
7. Cesar, Osório and Monteiro, Penido. Contribuição
ao Estudo do Simbolismo Místico dos Alienados (Um caso de demência precoce num
antigo escultor). São Paulo: Editorial Helios Ltda. 1927.
8. Cesar, Osório. A Arte nos Loucos e
Vanguardistas. Rio De Janeiro: Flores & Mano Editor. 1934.
9. ---. A Arte Primitiva nos Alienados:
Manifestação Esculptórica com Caracter Symbolico Feiticista num Caso de
Syndroma Paranóide. Memórias Do Hospital De Juqueri. 1925; 2(2): 111-125.
10. ---. A Chimica da Vida (Ensaios Filosóficos).
Săo Paulo: Livraria Santos. 1922.
11. ---. Como se Deve Compreender uma Obra de Arte.
O Estado De S. Paulo. 1944:4.
Notes: 18 de novembro
Notes: 18 de novembro
12. Cesar, Osório. Contribuisson à le étude de l´art
chez les alienes. Arq. Assist. Psicopatas
Estado De São Paulo. 1951; 15 (1).
13. Cesar, Osório. Contribuição para o estudo das
glândulas de secreção interna na demência precoce. Memórias Do Hospital De
Juqueri. 1928; 5/6:119-143.
14. ---. Dois Ensaios. Săo Paulo: Lealdade.
1922.
15. ---. Doutrinas Biológicas (A Cellula. O Átomo de
Vida). Săo Paulo: Pocai. 1919.
16. ---. A Expressão Artística nos Alienados.
(Contribuição Para o Estudo dos Symbolos na Arte). Săo Paulo: Officinas
Graphicas Do Hospital De Juquery. 1929.
Notes: CESAR, O. A Expressão Artística nos Alienados. Boletim de Psicologia, Săo Paulo, ano VI, set./dez. 1954 e mar./jun. 1955, nş. 21-24, 1955, pp. 125-137.
Notes: CESAR, O. A Expressão Artística nos Alienados. Boletim de Psicologia, Săo Paulo, ano VI, set./dez. 1954 e mar./jun. 1955, nş. 21-24, 1955, pp. 125-137.
17. ---. Onde o Proletariado Dirige…(Visão
Panorâmica da Rússia Soviética). S. Paulo: S. Ed. 1933.
18. ---. A proteção da saúde pública na União
Soviética no 16 aniversário da revolução de outubro. Săo Paulo Médico. 1934;
7(2): 2
19. ---. Que é o Estado Proletário? Săo Paulo:
Edição Udar. 1933.
20. Cesar, Osório and Marcondes, Durval. Sobre Dois
Casos de Estereotypia Graphica com Symbolismo Sexual. Memórias Do Hospital Do
Juquery. 1928; 3-4(3-4):161-165.